18 de fevereiro de 2021

Gestão Transparente e Sistemas de Integridade – Compliance


Frente a uma situação crítica sem precedentes, é extremamente difícil para a maioria da sociedade acreditar que algumas pessoas poderiam fraudar e se aproveitar – de modo perverso – da pandemia atual, que afeta toda a sociedade. Assistimos, perplexos, escândalos de desvios de testes, equipamentos médicos e até mesmo de recursos financeiros que seriam primordiais para o auxílio daqueles mais desfavorecidos.

 

Infelizmente, essa realidade pode ser explicada por uma teoria desenvolvida em 1953 por Donald Ray Cressey, um criminalista e sociólogo norte-americano, que desenvolveu um estudo conhecido atualmente como “Triângulo da Fraude”. Existem variações, incluindo mais elementos para originar ou fomentar uma fraude, porém, neste artigo, vamos nos ater a analisar os três originais: Oportunidade, Pressão e Racionalização.

 

A situação de emergência totalmente atípica expõe a fragilidade do sistema de saúde das nações, exigindo investimentos emergenciais imperativos para se conter a perda de vidas preciosas. Contudo, para muitos fraudadores, essa grande pressão no sistema gera inúmeras oportunidades para compras sem licitações, redução no processo de diligência ou mesmo o aceite racional de algumas exceções de se fazer negócios com empresas que, tipicamente, não estariam dentre os seus parceiros de negócios por questões reputacionais.

 

O risco de fraude sempre existirá e não pode ser negado também em momentos atípicos como esse, mas como podemos evitar as fraudes sem necessariamente parar ou atrasar as entregas emergenciais? Parte da resposta está detalhada na publicação da FNQ sobre Gestão Transparente e Sistema de Integridade, lançada em 2018. O Modelo de Excelência da Gestão® (MEG), da FNQ, por exemplo, pode ajudar nos grandes desafios vividos atualmente com a aplicação de um Pensamento Sistêmico e a adoção de Orientação por Processos para garantir a efetividade dos recursos empregados para o benefício daqueles que mais precisam (https://fnq.org.br/comunidade/livro-gestao-transparente-e-sistemas-de-integridade-compliance).

 

Quanto às análises reputacionais, essas devem ser realizadas de uma maneira ágil, não apenas para aprovar, mas, principalmente, para bloquear casos obscuros. A utilização de terceiros para a viabilização dos investimentos necessários sempre gera um risco adicional a ser especialmente monitorado pela gestão. O fundamento de Adaptabilidade, descrito no MEG, é extremamente importante nesse momento e, talvez, a capacidade das Instituições de executar os projetos com os recursos obtidos por meio de doações ou compras emergenciais seja mais importante que as análises reputacionais iniciais.

 

Por décadas, a FNQ vem advogando em prol da Gestão para Excelência e, nesse momento crítico para a sociedade brasileira, precisamos exercitar ainda mais os fundamentos do MEG para otimizar os limitados recursos para minimizar as grandes diferenças sociais que já afetam uma significante parte da população. Não podemos esperar o momento “pós-pandemia”, mesmo por que ninguém sabe quando esse momento chegará. A busca contínua pela excelência deve ser nosso exercício diário, agora.